terça-feira, 31 de julho de 2012

Fora de Mim..

"Você me tirava do sério de um jeito que nunca havia me acontecido, eu parecia estar endoidecendo, mas não ia embora porque acreditava que você ainda valia a pena, e nunca entendi perfeitamente o significado desta expressão, valer a pena. Era um castigo.

Valia porque, nas horas em que não estava irritadiço, em que não estava sendo excessivamente desconfiado e crítico, você ainda era aquele cara a quem eu considerava um presente da vida. Um homem lindo, generoso, incansável na sua busca em agradar os outros, em ser útil, prestativo. Um homem que amava as manhãs de sol, que amava a mim e que, quando estava junto à natureza, amava estar vivo, o que era imprescindível para continuarmos ligados, já que eu precisava enxergar você feliz de vez em quando. E, na cama, éramos de uma indecência provocativa.

Quando dei por mim, era assim que eu tocava os dias: te amando e sendo exigida além do meu limite, te amando e não conseguindo realizar os teus desejos mais secretos, te amando e me sentindo sempre em dívida, porque você era o doador universal e eu a receptora universal. Você queria que tivéssemos um projeto de vida em comum e eu acreditava que o amor podia ser um projeto em si mesmo, e assim prosseguíamos, você falando russo e eu, latim. Pensando bem, insistimos nessa relação além do razoável."

Martha Medeiros

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