quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

“Eu sei que já faz tempo, mas ainda amo você”

“Era como se dissesse, sem dizer “eu sei que já faz tempo, mas ainda amo você”. (…)

"Você nunca estragava nossas noites. Eram tão raros os nossos momentos, você dizia, que eram para ser sempre bons. E de fato sempre eram. Eu tenho saudade de mil coisas e todas essas mil coisas sempre caem na mesma única coisa de que eu tenho tanta saudade: sua leveza. Você me dizia que jamais iria me cobrar leveza, pois me amava intensa. E me pedia que fizesse exatamente o mesmo, ainda que ao contrário, por você. E eu não obedecia nunca, afinal, pessoas intensas não obedecem. E assim nós seguimos, por alguns bons anos entrecortados, sendo tão parecidos ainda que tão atraídos mutuamente pelos nossos opostos. A gente era parecido principalmente porque topava as coisas mais malucas como, por exemplo, brincar que tinha acabado de se conhecer numa festa, ainda que tivesse ido junto para a festa. E por horas ficávamos nessa bobeira e nenhum dos dois ria. Até que alguém pedia, cansado, “já pode voltar ao normal? É que está me dando vontade de transar e eu não transo com desconhecidos”. Eu tenho saudades de tudo. Da gente acordar sua vizinha de tanto rir de coisas bestas, do seu carro sempre bagunçado, da paciência que você tinha com meus quase quinze anos a menos, da mania que você tinha de arrumar minhas roupas em cima da cama enquanto eu tomava banho e de quando você apertava os ossinhos das minhas costas no escuro e falava, baixinho: “ai, como essa menina gosta de fazer drama!”. Não é um sentimento egoísta e muito menos possessivo. É apenas uma saudadezinha. Gostosa, tranqüila, bonita, saudável, de longe. E, quem diria: leve.”



— Tati Bernardi

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Do quase eu vivo muito

É que tem coisas que demoram pra sair da gente, e muitas das vezes precisam de uma ajudinha a mais pra isso. Que essa ajuda seja vinda de você...

Só quero que você saiba que enquanto eu me sentir afetada por você e por tudo que você faz, não há possibilidades de ficarmos "vezenquando". Isso me maltrata, me dói...

Mas eu queria também que você soubesse que eu sei que é assim mesmo. Às vezes, a gente acha que o sentimento ta empoeirado, guardado no fundo do armário, meio esquecido, mas quando você reaparece e faz tudo que faz, eu vejo que ainda me sinto afetada pela quantidade de afeto que sinto por nós... O problema é que nessa fase o tudo é muito, e pouco é quase nada e eu nunca sei onde isso começa e muito menos sei onde vai terminar. Eu sei que não há o que esperar, mas no fundo isso tudo é muito confuso e eu, esperançosa, espero algo de nós mais uma vez.

Eu sei que não tenho direito de pedir nada, mas acho que mereço consideração e espero que você considere o meu pedido. Te peço paciência com as palavras, frases, parágrafos e vírgulas. Essa coisa de viver é muito confusa e fica mais confusa ainda quando a gente fala muita coisa sem pensar muito.

Sabe como é, né... ando precisando de paz, calma, e acredito que a qualquer momento eu vá sentir isso de novo, em algum momento provavelmente isso vai fazer parte de mim. Assim que isso tudo passar, assim que essa desordem, essa euforia, esse barulho todo passar, eu vou ficar bem.

Me dá tempo pra colocar tudo em ordem, pra acertar as almofadas, livros e tapetes nos seus devidos lugares. Me dá tempo de voltar a ser bem mais eu e bem menos sua...

Entenda que eu não entendo nada disso e que a única coisa possível que eu tô fazendo agora é tentar viver sem mexer com alguém, sem mexer comigo mesma!



Carolina Tardivo