terça-feira, 29 de junho de 2010

Eu quero um destino de anjo! Ou de ninja!

(...) O outro, um engenheiro, me confidenciou que era viciado em sexo, em seguida, que estava viciado em mim. Pois, para o azar dele, sexo não era o que eu procuro nestes dias. Sexo é fácil demais e eu posso dar, porque engana, distrai, e aí a pessoa não percebe que não leva nada de mim, além da minha perícia. Sexo eu uso como arma ou desespero.
Amor é entrega, respeito, é uma ação, é fazer alguma coisa por alguém. Amor é intimidade, e essa eu ainda não estou preparada para dar e tenho medo do que possa vir a fazer com ela.
Sou bonita e passiva. Domino pela falsidade. Acho mais fácil ser controlada, e então fico ali, mosca-morta, esperando. Quando alguém cai na armadilha exerço, docemente, essa outra forma de controle. Só preciso estar atenta para não demonstrar minha autoestima baixa.
Digamos que estou em reconstrução. Quanto a ser feliz, acontece quando consigo fazer algo por mim. Ficar em casa num fim de semana, pintar minhas unhas, ir bem numa prova, estar bem comigo mesma, isso é ser feliz. Só queria não parecer tão eufórica quando um homem me liga. Nem sentir vontade de drogar quando bebo alguma coisa, porque me dá medo de sair. Também preferia não rejeitar quando me sinto rejeitada, só pra ficar no zero a zero.
Não quero mais quebrar o quarto de ninguém, quando a relação não terminar por minha iniciativa, nem sentir raiva do meu pai ou apertar um nó na garganta a cada vez que volto para a terra de onde vim. Agora já sei que meu passado é meu e que também fui responsável por ele, não apenas vítima. Minha verdadeira passagem para o mundo novo, minha reconstrução definitiva, vai se dar quando eu perdoar esse passado, quando eu conseguir deslizar por minhas memórias, caminha comigo mesma e não me recriminar, nem me envergonhar.

Trecho do livro "Eu que amo tanto" da Marília Gabriela.

terça-feira, 22 de junho de 2010

E você não sabe a força que tem!

Quando você chega perto e dá aquele sorriso que me desmonta, fico me perguntando se mereço tanto, me pergunto se é verdade esse mar de felicidades que você me traz. Sentimentos em cima de sentimentos, tanta insegurança que as minhas unhas roídas denunciam pra quem quiser ver...

Você chegou pra mudar tudo que tava normal há um tempão, clareou tanta coisa... Você já é de casa, tem as chaves e o amor dos meus bichos. Bem-vindo, querido!


Carolina Tardivo.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Feliz!

Recebi esse texto de um amigo que sabe bem como gosto da Martha Medeiros, e depois disso, comecei a tê-lo como oração para quando eu não estiver bem. Tudo que eu insisto em não ver, ele me mostra!

Sim, eu sou feliz, apesar de não ter um namorado e muito menos um pretendente, de não ter todo dinheiro que eu gostaria, de ter que acordar cedo, de ter que respirar fundo e engolir todos os sapos que já nem cabem mais dentro de mim. Sou feliz porque sou eu e aprendo cada dia mais a não me cobrar tanto, afinal, faço o melhor de mim, dou o melhor de mim.
Obrigada Vitor.

Feliz por nada.

Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.

Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.

Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.

Feliz por nada, nada mesmo?

Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. "Faça isso, faça aquilo". A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?

Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando "realizado", também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.

Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.

Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultâneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?

A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.

Ser feliz por nada talvez seja isso.

(Martha Medeiros)