terça-feira, 29 de junho de 2010

Eu quero um destino de anjo! Ou de ninja!

(...) O outro, um engenheiro, me confidenciou que era viciado em sexo, em seguida, que estava viciado em mim. Pois, para o azar dele, sexo não era o que eu procuro nestes dias. Sexo é fácil demais e eu posso dar, porque engana, distrai, e aí a pessoa não percebe que não leva nada de mim, além da minha perícia. Sexo eu uso como arma ou desespero.
Amor é entrega, respeito, é uma ação, é fazer alguma coisa por alguém. Amor é intimidade, e essa eu ainda não estou preparada para dar e tenho medo do que possa vir a fazer com ela.
Sou bonita e passiva. Domino pela falsidade. Acho mais fácil ser controlada, e então fico ali, mosca-morta, esperando. Quando alguém cai na armadilha exerço, docemente, essa outra forma de controle. Só preciso estar atenta para não demonstrar minha autoestima baixa.
Digamos que estou em reconstrução. Quanto a ser feliz, acontece quando consigo fazer algo por mim. Ficar em casa num fim de semana, pintar minhas unhas, ir bem numa prova, estar bem comigo mesma, isso é ser feliz. Só queria não parecer tão eufórica quando um homem me liga. Nem sentir vontade de drogar quando bebo alguma coisa, porque me dá medo de sair. Também preferia não rejeitar quando me sinto rejeitada, só pra ficar no zero a zero.
Não quero mais quebrar o quarto de ninguém, quando a relação não terminar por minha iniciativa, nem sentir raiva do meu pai ou apertar um nó na garganta a cada vez que volto para a terra de onde vim. Agora já sei que meu passado é meu e que também fui responsável por ele, não apenas vítima. Minha verdadeira passagem para o mundo novo, minha reconstrução definitiva, vai se dar quando eu perdoar esse passado, quando eu conseguir deslizar por minhas memórias, caminha comigo mesma e não me recriminar, nem me envergonhar.

Trecho do livro "Eu que amo tanto" da Marília Gabriela.

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