sábado, 16 de junho de 2012

Empurrando com a barriga

Nem tudo é como a gente planeja, a vida nos traz gratas surpresas em algumas das poucas vezes em que permitimos...


Empurrar com a barriga é mau do brasileiro, do holandês, do americano e também do inglês. É mau do mundo inteiro quando não se quer fazer alguma coisa, ou quando essa coisa não é lá uma das mais interessantes de serem feitas.

Os assuntos “empurrados com a barriga” são os mais variados, vão de política a marcar o médico de rotina. Mas confesso, fico mais à vontade quando o rumo da conversa vai pro mundo dos relacionamentos. Convivência esquisita e adorável de se experimentar, pra quem sabe encarar a vida com leveza e se permite passar por tudo, do fundo do poço ao céu estrelado, para quem sabe extrair o suco e também descartar o bagaço.

A história é quase sempre a mesma. O cara era legal, a menina também. O namoro já durava uns anos, era cada vez mais visível o quanto eles se davam bem e o quanto eles já estavam virando uma pessoa só em dois corpos.

Até aí tudo bem, quem nunca ficou apaixonado ao ponto de esquecer do que gosta porque só lembra do gosto do outro? O problema começa quando alguém cansa e não tem coragem de pular fora, de dizer chega, de assumir que as suas vontades não condizem mais com a do próximo.  O problema é que a gente não gosta de dizer que enjoou do outro, porque a sensação é de sentimento descartável, mas não é bem assim...

Gostar de uma cor pro o resto da vida é normal, mas não ser aberto a experimentar outras e achar bom também, não. Dizer que não gosta de uma comida sem nunca ter provado é mais natural do que parece, mas não provar e saber dizer exatamente o que não te agrada, não. Amar uma música por dois meses é normal, mas música é um troço tão bom que chegam melhores, e aquela, A Música, deixa de ser a mais escutada...

Com pessoas também pode ser assim, há exceções, claro, mas também pode ser assim . Quem disse que um homem que ama uma mulher não pode se a-p-a-i-x-o-n-a-r por outra? Às vezes os sentimentos ficam mornos, passam de fortes para amenos, e é aí que começa o problema. Assumir para si e para o outro que não faz mais sentido...

O  negócio todo é que algumas coisas precisam acabar para outras começarem. Fazer ruptura é avançar em algum sentido da vida para algo que a gente só vai saber o real valor depois de viver, se não for realmente bom, volte atrás, tente fazer com que o outro enxergue o mesmo que você. Empurrar com a barriga não leva ninguém a lugar nenhum, alias, até deve levar, mas com certeza não vai ser melhor do que fazer com vontade.


Carolina Tardivo

3 comentários:

  1. Lindo texto Carol! Parabéns por expressar tão bem com palavras o que todos nós sentimos! :D

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  2. Excelente texto prima! Principalmente o segundo parágrafo.

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