quinta-feira, 26 de abril de 2012

As pequenas coisas que aprisionam

Até ontem tinha muito de você por lá... Até ontem!

Todas as vezes em que tentei colocar algo de lado, com a disposição de me livrar, algo me incomodava profundamente. Tinha uma dor ali, ou várias dores diferentes. Tinha você.

As paredes coloridas de maneira que não me agradavam mais, as almofadas com tecidos que eu não conseguia nem encostar, os livros que eu nunca coloquei a mão nem para ler uma frase... Eu me apeguei a isso tudo, eu me agarrei a você, as suas ideias.

 Na verdade está tudo entrelaçado, como as nossas mãos ficavam na hora de dormir. Essas coisas representam você, me remetem a sentimentos e ideias. Ou se apresentam como sentimentos e ideias que me lembram você. Seja qual for a ordem, isso é um fardo pesado para eu, com meus ombros magros, carregar.

 Reformar, recomeçar, reiniciar a vida. Isso tudo me fez ver como é difícil deixar para trás tantas coisas. Assim como me apeguei a almofadas que nunca encostei, livros que nunca li, também me apeguei a você, pessoa que eu nunca conheci de verdade, mas sempre quis viver algo a mais. É uma forma de apego vaga, mas tem uma força brutal sobre as minhas ações.

 Arrumando a casa, colocando ordem na vida percebi que não basta olhar para trás e me livrar da vida com você. Ou das roupas que usei para você. Para recomeçar, preciso jogar fora todos os sonhos elaborados e as ilusões criadas em cima do meu amor. Preciso me livrar do futuro sem o seu rosto que tanto me assombra e que nunca chegará.

 Aprendi com você que a felicidade, como coisa duradoura, provavelmente não existe. Mas, se ela pode ser encontrada em algum lugar, ainda que de forma afastada, é no presente. Difícil mesmo é enxerga-la, mas aprendi também que para isso, é preciso estar de olhos bem abertos, livre da sombra do passado e da luz que cega no futuro (que nunca irá existir).

 - Como eu disse, é difícil, mas também nunca me disseram que não seria assim. 

  Carolina Tardivo (Super inspirador)

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